Lar Pe. António Pinto Lobinho
Uma obra que ultrapassa os dois milhões e quinhentos mil euros
Faz um ano que foi assinado o auto de consignação e início das obras do Lar Pe. António Pinto Lobinho.
Entrevista com o Sr. Cónego Jorge Seixas, Pároco de Mangualde e Presidente da Direção do Complexo Paroquial e com o Sr. Dr. Gonçalves, na qualidade de Tesoureiro.
N.B.- Sr. Cónego Seixas, este edifício de apoio à terceira idade era uma necessidade sentida pela comunidade?
Cónego Seixas - Este edifício é não só uma necessidade sentida na comunidade, mas também urgente para a nossa Instituição, tendo em conta a melhoria dos nossos serviços em prol de todos os que necessitam. Queremos instalações mais dignas e mais funcionais para que possamos atingir com mais eficácia os nossos objectivos que se resumem em atender, acompanhar e cuidar os nossos idosos com mais qualidade, promovendo e continuando a lutar pela dignidade da vida humana, criando ou ajudando a criar condições nobres na vida de todos aqueles que já vão sentindo algumas limitações físicas, devido à sua idade avançada. O Lar é uma nova valência que integrará este edifício e que irá ao encontro das necessidades daqueles que no seu meio familiar já não têm condições físicas e humanas para viver condignamente. O Centro de Dia terá novas instalações mais adaptadas aos requisitos exigidos actualmente, para que os nossos idosos se sintam mais confortados. O espaço físico será a expressão do carinho e ternura que já lhe ofertamos. Com este novo edifício, teremos uma excelente lavandaria e uma cozinha e espaços afins para que o Apoio Domiciliário seja ainda mais qualificado.
N.B.- No dia da assinatura do auto de consignação o Sr. referiu: “… é o início visível de um sonho que a Paróquia de Mangualde tinha e que foi lutando muito pela sua concretização …”, este sonho está prestes a concretizar-se?
Cónego Seixas - Sonhar é sempre necessário, mas assente na realidade. Analisando a situação social da nossa comunidade, entendemos que a Paróquia de Mangualde podia dar ainda mais nesta área. O sonho tornar-se-á realidade não só com o finalizar das obras e o início do funcionamento das valências que integram este novo edifício, mas também na alegria e na serenidade que encontraremos em tantos rostos, devido aos nossos serviços e à missão de atender os que mais precisam. É um sonho sempre em aberto.
N.B.- A Paróquia de Mangualde tem tido um papel importante na acção social, primeiro com a construção do Complexo Paroquial, agora a construção do lar.
O bem-estar social das pessoas é uma das prioridades da pastoral da Igreja?
Cónego Seixas - O bem estar social é uma das prioridades da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Se numa comunidade cristã falta o empenho contra a pobreza, contra a desigualdade, contra a injustiça, se não se considera o serviço da caridade como parte constitutiva da evangelização e da pastoral de toda a comunidade, o serviço falha, a evangelização converte-se em palavra vazia, a liturgia converte-se em “culto ao culto” ou “culto ao rito” como expressão de egoísmo pseudo religioso. A vida cristã, o estilo eclesial, a programação pastoral, a própria formação catequética e litúrgica encontrarão no testemunho de amor e serviço o critério da sua autenticidade e credibilidade. Nesta perspectiva importa tornar a comunidade cristã o agente principal, de modo que, se ela não se empenha, decidida e sistematicamente, no bem-estar pessoal e comunitário de cada um dos seus membros, nega-se a si própria e não passará das “acções pontuais” para o testemunho de uma Igreja realmente comprometida com Jesus Cristo e «perita em humanidade». Poderá ter muita actividade, muita agitação social, muitas estruturas e serviços, dignos com certeza, mas curtos do ponto de vista cristão. Poderá “doutrinar” até. Mas não conseguirá “propor”, “convocar”, “seduzir”, evangelizar. Só a fé que se faz amor pode ser resposta evangelizadora, capaz de levar os homens a reconhecer e a acolher o Deus verdadeiro revelado em e por Jesus Cristo, mediante o Espírito Santo. A alternativa à pobreza não é a riqueza, mas a comunidade atenta e solidária, que dá o peixe mas, sobretudo, ensina a pescar e defende o direito de cada um o poder fazer com dignidade.
N.B.- Já é conhecido que o Lar se vai chamar Lar Pe. António Pinto Lobinho, porquê a atribuição do nome do Sr. Pe. Lobinho?
Entendemos que o nome do Sr. Padre Lobinho deve estar ligado a esta construção, porque era seu desejo a construção de um Lar de Idosos. Todavia, será importante não esquecer que todos os pastores desta Comunidade Paroquial de Mangualde (párocos), especialmente nestes últimos tempos, tiveram e têm uma grande sensibilidade para expressar por obras aquilo que se diz por palavras. A pregação e doutrina encontram-se vivas na comunidade, através da Pastoral da Caridade que não se resume somente a estes serviços. O Sr. Padre Lobinho sempre manifestou uma sensibilidade e uma grande preocupação pelo bem estar físico, social e económico de todos, sentimento que era partilhado por todos os elementos das equipas sacerdotais que nestes últimos tempos foram passando por esta Paróquia. Cada um à sua maneira e segundo o seu temperamento deixaram gravados na memória de todos esta preocupação e sensibilidade. A todos, a Paróquia deve estar profundamente grata, porque se entregaram de alma e coração à missão que Cristo lhes confiou; tantas vezes esquecendo-se de si próprios, do seu bem estar e das suas famílias. É evidente que sempre sentiram a ajuda e o entusiasmo de um número considerável de leigos comprometidos. Se não se faz memória, não se escreve a história dos nossos tempos e poderemos cair na ingratidão e na indiferença ao testemunho que nos foi deixado.
Quanto aos custos da obra falámos com o tesoureiro Sr. Dr. José da Silva Gonçalves.
N.B. - Qual o investimento total da obra?
Dr. Gonçalves - O custo global para levantar o edifício andará pelos dois milhões e quinhentos mil euros. Temos depois de o equipar. As estimativas para o custo do equipamento são de duzentos e cinquenta mil euros. Deste valor esperamos ser reembolsados do IVA.
N.B.- Contam com alguma comparticipação do Estado?
Dr. Gonçalves-Não temos garantida qualquer comparticipação do Estado. Com o empenho do Senhor Presidente da Câmara recebemos um subsídio da segurança social no valor de cem mil euros, o que representa menos de 5% do valor da obra. Há promessas de mais subsídios que nesta data estão muito incertos e indeterminados.
N.B.- Tem havido algum apoio por parte da comunidade?
Dr. Gonçalves - A comunidade paroquial tem colaborado através do ofertório das missas do primeiro domingo de cada mês. Para além desta colaboração tem havido algumas pessoas que tem contribuído individualmente com donativos. Tudo são ajudas e são todas bem-vindas. Nesta data estas ajudas recolhidas pouco passam os sete mil euros.
N.B.- Neste momento em que fase se encontra a obra?
Dr. Gonçalves - A obra tem a sua estrutura física toda erguida. Estão a instalar-se as redes de electricidade, águas, saneamento, ar condicionado, elevadores, etc..
N.B.- Nos dias de hoje é muito difícil construir uma obra com esta dimensão.
Quais as maiores dificuldades com que se depararam?
Os prazos vão ser cumpridos?
Dr. Gonçalves -Vencidas as dificuldades burocráticas, a primeira preocupação tem sido assegurar o total financiamento da construção. A batalha seguinte será conseguir o acordo com a segurança social de modo que seja celebrado o protocolo de colaboração para o financiamento do novo Lar. Só com este acordo será possível garantir a sua entrada em funcionamento e de modo a servir preferencialmente os que mais precisam.
Estamos convencidos que a obra estará pronta dentro dos prazos previstos.
N.B.- Quantos novos postos de trabalho vão ser criados?
Dr. Gonçalves - Com todas as valências a funcionar e para o número de utentes aprovados para as novas instalações, serão criados vinte e seis postos de trabalho.
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