HOMILIA DO 4º DOMINGO COMUM (ANO B)
No domingo passado, o texto evangélico narrava-nos o início da missão de Jesus na Galileia dos gentios, onde chamou os seus primeiros discípulos. Hoje, somos convidados a fazer a nossa reflexão a partir do dia-a-dia de Jesus, ou seja, como ocupava o Filho de Deus as horas do seu dia, como era a sua “agenda”? O evangelista Marcos apresenta-nos um dia na vida de Jesus em Cafarnaum. É um dia cheio de gestos, palavras e de encontros: Jesus ensina, cura, encontra-se com diversas pessoas. Tudo isto acontece, acompanhado com os primeiros discípulos. É interessante ouvir o efeito que Jesus provocava naquelas pessoas com quem se encontrava: transformação, cura, reconhecimento, admiração. A descrição de um dia na vida de Jesus convida-nos a pensar sobre a organização da nossa vida. Como oriento o meu tempo? Onde gasto as minhas energias? O que faço durante o dia? Na vida, o que é que me aproxima de Jesus e o que é que me afaste Dele? Como partilho com os outros a experiência de Jesus na minha vida?
A primeira leitura, do Livro de Deuteronómio, ajuda a situar e a compreender o texto do evangelho. Moisés aponta os critérios para saber distinguir os verdadeiros profetas daqueles que não o são. Mas, através de Moisés, Deus anuncia. “Farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu. Porei as minhas palavras na sua boca e ele lhes dirá tudo o que Eu lhe ordenar”. Neste anúncio, reconhecemos uma prefiguração de Jesus. Por isso, a primeira leitura está relacionada com o texto evangélico de S. Marcos, onde encontramos nos lábios de Jesus a palavra de Deus e nos seus gestos a proximidade do Criador, Pai misericordioso. As palavras e os ações de Jesus são a expressão da Boa Nova do Reino de Deus, que Ele veio proclamar.
Jesus inicia a sua missão com uma dupla entrada: em primeiro lugar, entra em Cafarnaum; em segundo lugar, “no sábado seguinte, entrou na sinagoga e começou a ensinar”. Nunca saberemos o que Jesus disse na sinagoga, nem uma palavra conhecemos desse ensino. Somente sabemos a reação de todos os que estavam na sinagoga: “todos se maravilhavam com a sua doutrina, porque os ensinava com autoridade e não como os escribas”. As palavras de Jesus são muito mais que meras palavras: são também ações, gestos e curas que realiza. Na sinagoga, curou um homem perturbado. Com as suas palavras e gestos, Jesus liberta-nos do mal físico, religioso e social.
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