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HOMILIA DO DIA DE NATAL
A mensagem do anjo aos pastores ajuda-nos a compreender o significado e a importância do nascimento em Belém na noite de Natal. As primeiras palavras são: “Não temais”…, as mesmas palavras que o anjo disse a Maria quando lhe anunciou o nascimento de Jesus: “Não temas, Maria”. As mesmas palavras que Jesus repetirá ao longo de toda a sua vida: “Não tenhais medo”. Hoje, quais são os nossos medos? Cada um tem os seus. Medo do escuro, da solidão, da situação económica, de perder o emprego, de uma doença, do futuro dos filhos, das decisões que tomam os filhos quando se tornam adultos, dos perigos que nos rodeiam… Tantos medos! Neste dia de Natal, sabe bem ouvir esta mensagem divina: “Não tenhais medo”. A nossa confiança e a nossa segurança está Naquele que dá sentido a tudo e está no meio de nós e ama-nos. Jesus é o fundamento da nossa confiança, o antídoto, o remédio para os nossos medos.
Neste dia, a todos é dada uma alegre notícia. Jesus vem para toda a humanidade. Não vem somente para José e Maria, para os pastores e os magos, para os judeus e também não vem somente para os cristãos. Vem para todos. Esta alegre notícia é para toda a humanidade, para os que confiam em Jesus, para os que se esqueceram Dele, para os que acreditam em Deus e para os que vivem rodeados de dúvidas. Esta alegre notícia consiste na certeza de que qualquer homem e mulher não está sozinho perante os seus medos. Há alguém que está próximo e que nos ama.
Aquele que nasce para todos não o encontraremos entre os poderosos deste mundo, entre os ricos, entre os famosos. Como há dois mil anos, vamos encontrá-lo nos lugares esquecidos da nossa sociedade, no meio dos simples, dos pequenos, dos que não contam para nada, dos que não são notícia nos jornais e na televisão. Os presépios de hoje estão na “parte de trás” do mundo e das cidades, nos lugares que procuramos escondê-los para que não se vejam, nos países do Terceiro Mundo, nos bairros do Quarto Mundo. Porque é nestes lugares onde se vive mais a solidariedade de pessoas que, sem fazer ruído, vão ao encontro dos mais necessitados, ou seja, de homens e de mulheres que, como Maria, dão a luz à Luz. Os presépios de hoje também se encontram nas ações solidárias, como a recolha de alimentos. Todas estas iniciativas são Natal, porque se dá luz à Luz. Onde há solidariedade e proximidade, está presente o Deus que se fez carne em Belém, faz-se Natal.
Neste tempo de Natal, as famílias reúnem-se, trocam-se prendas… Para significar que queremos fazer como Deus, que queremos fazer como Jesus: estar próximo dos outros, começando pela nossa família. “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados”. A glória de Deus manifesta-se quando entre nós há paz, na família, no trabalho, na escola, com os vizinhos, entre os países, no mundo inteiro. Trabalhar pela paz é fazer Natal. É dar a luz à Luz. Que a Paz e a Solidariedade reine nas nossas vidas no Natal deste ano.
Cónego Jorge Seixas |
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HOMILIA DA SOLENIDADE DE SANTA MARIA,
MÃE DE DEUS (ANO A)
Uma semana depois do Natal, celebramos a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus. Além de ser uma solenidade mariana, é também natalícia. Entre o Natal e a Epifania (visita dos Magos do Oriente), este dia reforça a reflexão sobre o mistério da encarnação, de um Deus que assume a nossa natureza humana, que entra dentro do espaço e do tempo, ou seja, dentro da história. Quando a Igreja, no ano 431, no concílio de Éfeso, proclamou que Maria era Mãe de Deus, não o fez para lhe dar um título, mas para proclamar que Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
De facto, Jesus foi um homem como todos, exceto no pecado. Por isso precisou de uma família que o educasse, o ensinasse a falar, a acreditar, a rezar. Tinha tanta necessidade como todos os homens. Também tinha necessidade de um povo, de uma cultura, de uma fé. E como judeu, a sua família cumpria as prescrições do judaísmo, como a da circuncisão, aos oito dias de nascimento. A filiação divina de Jesus não o afasta em nenhum momento da humanidade. Jesus entranhará plenamente nesta humanidade, com as suas alegrias e tristezas, com as suas ansiedades e esperanças. Jesus, o Filho de Deus, não se coloca acima de todos, como faziam os imperadores que se consideravam filhos dos deuses. Jesus, o Filho de Deus, coloca-se ao nosso lado e ajuda-nos a descobrir que Deus é, para nós, um pai tão próximo que até lhe podemos chamar “Abbá”, “papá”.
Todos os anos, neste primeiro dia de Janeiro somos convidados a rezar pela paz. Desde o Papa Paulo VI, em 1968, é o Dia Mundial da Paz. Uma paz que brota da nossa filiação divina que faz de todos os homens e mulheres, de qualquer condição, irmãos e irmãs que têm de ser amados. Uma paz fundamentada na justiça e na solidariedade. Uma paz que não é só ausência de guerra, mas que trabalha pela dignidade humana, que luta contra todo o tipo de exclusão, que acolhe todos os que fogem da guerra e da pobreza. Temos de contribuir para uma cultura da não-violência e condenar o tráfico de armas, porque são situações que impedem que se construa a paz. Rezemos por esta paz. Paz que tem de começar nos nossos corações, em corações cheios de ternura, de compaixão, de misericórdia e, sobretudo, de perdão. Em corações dispostos a perdoar a quem nos ofendeu. Em corações dispostos a pedir perdão e com vontade de reconciliação. Não pensemos que a paz vem por si mesma. Comecemos por apagar as pequenas guerras que iniciámos dentro da nossa família, com os vizinhos, no trabalho ou na escola.
Maria é Mãe de Deus, do Príncipe da Paz. Maria é a Rainha da paz. Ela é nossa mãe e, como todas as mães, sofre em silêncio quando vê os seus filhos a discutirem e a matarem-se uns aos outros. Ofereçamos a Maria o nosso compromisso para trabalhar pela paz. Com os nossos olhos orientados para Maria e para Jesus, seremos sempre construtores da paz e do amor.
Cónego Jorge Seixas |
Mensagem de Natal do Pároco de Mangualde
É NATAL E PROCURO…
Noite estrelada e não vejo ninguém…
Oiço cânticos de alegria e não vejo ninguém…
Vejo as luzinhas que ornamentam as ruas e não vejo ninguém…
Oiço as notícias e não vejo ninguém…
Não é por não haver ninguém;
Não é que não encontre ninguém na rua;
Não fechei as portas e as janelas para não ver ninguém;
Nem estou escondido num canto do mundo….
A minha tristeza é porque não vejo ninguém
Que realmente tenha contemplado
A glória de Deus que nasceu
Ou que transmita esperança e vida à sua volta,
Ao contemplar novamente o Mistério encarnado.
Oh divina Palavra que te fizeste homem.
Oh Mistério tantas vezes anunciado e esperado.
Oh Salvação gloriosa prometida a todos os homens…
Onde estão as pessoas que em ti confiam?
“Oh, filho amado! Porque estás tão cego?
Não me viste entre as pessoas humildes?
Não me ouviste nas crianças que brincavam?
Não me contemplaste nas pequenas obras de misericórdia,
Que dia após dia milhões de pessoas fazem
De maneira silenciosa, alegre e muitas vezes anónima?
Não sejas incrédulo, mas fiel.
Hoje novamente nasço entre vós e, como sempre,
As pessoas com bom coração alegrar-se-ão
E o celebrarão com os seus irmãos.
Só espero que tu te juntes ao grande coro celestial cantando:
Gloria in excelsis Deo… e me tornes presente na tua família e em todos os que te rodeiam.
Um Santo Natal com Paz e Solidariedade.
Cónego Jorge Seixas
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