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Notícias da Igreja
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Jornal - Notícias da Igreja

A LUZ DA FÉ (ENCÍCLICA DO PAPA FRANCISCO)

Abraão, nosso pai na fé

 

8. A fé desvenda-nos o caminho e acompanha os nossos passos na história. Por isso, se quisermos compreender o que é a fé, temos de explanar o seu percurso, o caminho dos homens crentes, com os primeiros testemunhos já no Antigo Testamento. Um posto singular ocupa Abraão, nosso pai na fé. Na sua vida, acontece um facto impressionante: Deus dirige-lhe a Palavra, revela-Se como um Deus que fala e o chama por nome. A fé está ligada à escuta. Abraão não vê Deus, mas ouve a sua voz. Deste modo, a fé assume um carácter pessoal: o Senhor não é o Deus de um lugar, nem mesmo o Deus vinculado a um tempo sagrado específico, mas o Deus de uma pessoa, concretamente o Deus de Abraão, Isaac e Jacob, capaz de entrar em contacto com o homem e estabelecer com ele uma aliança. A fé é a resposta a uma Palavra que interpela pessoalmente, a um Tu que nos chama por nome.

9. Esta Palavra comunica a Abraão uma chamada e uma promessa. Contém, antes de tudo, uma chamada a sair da própria terra, convite a abrir-se a uma vida nova, início de um êxodo que o encaminha para um futuro inesperado. A perspectiva, que a fé vai proporcionar a Abraão, estará sempre ligada com este passo em frente que ele deve realizar: a fé «vê» na medida em que caminha, em que entra no espaço aberto pela Palavra de Deus. Mas tal Palavra contém ainda uma promessa: a tua descendência será numerosa, serás pai de um grande povo (cf. Gn 13, 16; 15, 5; 22, 17). É verdade que a fé de Abraão, enquanto resposta a uma Palavra que a precede, será sempre um acto de memória; contudo esta memória não o fixa no passado, porque, sendo memória de uma promessa, se torna capaz de abrir ao futuro, de iluminar os passos ao longo do caminho. Assim se vê como a fé, enquanto memória do futuro, está intimamente ligada com a esperança.

10. A Abraão pede-se para se confiar a esta Palavra. A fé compreende que a palavra — uma realidade aparentemente efémera e passageira —, quando é pronunciada pelo Deus fiel, torna-se no que de mais seguro e inabalável possa haver, possibilitando a continuidade do nosso caminho no tempo. A fé acolhe esta Palavra como rocha segura, sobre a qual se pode construir com alicerces firmes. Por isso, na Bíblia hebraica, a fé é indicada pela palavra ‘emûnah, que deriva do verbo ‘amàn, cuja raiz significa « sustentar ». O termo ‘emûnah tanto pode significar a fidelidade de Deus como a fé do homem. O homem fiel recebe a sua força do confiar-se nas mãos do Deus fiel. Jogando com dois significados da palavra — presentes tanto no termo grego pistós como no correspondente latino fidelis –, São Cirilo de Jerusalém exaltará a dignidade do cristão, que recebe o mesmo nome de Deus: ambos são chamados « fiéis ». E Santo Agostinho explica-o assim: « O homem fiel é aquele que crê no Deus que promete; o Deus fiel é aquele que concede o que prometeu ao homem ».

11. Há ainda um aspecto da história de Abraão que é importante para se compreender a sua fé. A Palavra de Deus, embora traga consigo novidade e surpresa, não é de forma alguma alheia à experiência do Patriarca. Na voz que se lhe dirige, Abraão reconhece um apelo profundo, desde sempre inscrito no mais íntimo do seu ser. Deus associa a sua promessa com aquele « ponto » onde desde sempre a existência do homem se mostra promissora, ou seja, a paternidade, a geração duma nova vida: « Sara, tua mulher, dar-te-á um filho, a quem hás-de chamar Isaac » (Gn 17, 19). O mesmo Deus que pede a Abraão para se confiar totalmente a Ele, revela-Se como a fonte donde provém toda a vida. Desta forma, a fé une-se com a Paternidade de Deus, da qual brota a criação: o Deus que chama Abraão é o Deus criador, aquele que « chama à existência o que não existe » (Rm 4, 17), aquele que, « antes da fundação do mundo, (...) nos predestinou para sermos adoptados como seus filhos » (Ef 1, 4-5). No caso de Abraão, a fé em Deus ilumina as raízes mais profundas do seu ser: permite-lhe reconhecer a fonte de bondade que está na origem de todas as coisas, e confirmar que a sua vida não deriva do nada nem do acaso, mas de uma chamada e um amor pessoais. O Deus misterioso que o chamou não é um Deus estranho, mas a origem de tudo e que tudo sustenta. A grande prova da fé de Abraão, o sacrifício do filho Isaac, manifestará até que ponto este amor originador é capaz de garantir a vida mesmo para além da morte. A Palavra que foi capaz de suscitar um filho no seu corpo « já sem vida (…), como sem vida estava o seio » de Sara estéril (Rm 4, 19), também será capaz de garantir a promessa de um futuro para além de qualquer ameaça ou perigo (cf. Heb 11, 19; Rm 4, 21).

 
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Jornal - Notícias da Igreja

Francisco convocou jornada

de oração pela paz na Síria

e no mundo inteiro

Papa convidou todos os homens de boa vontade, cristãos e não cristãos, a unirem-se na promoção de iniciativas de diálogo.

O papa Francisco convocou no dia 1 de setembro uma jornada de oração e jejum pela paz, agendada para o próximo sábado, dia 7 de setembro, convidando todos os homens de boa vontade a unirem-se em gestos promotores de paz.

Francisco na Praça de São Pedro, dedicou as palavras antes do Angelus à situação na Síria.

“Decidi enviar a toda a Igreja um convite para no próximo da 7 de setembro, realizar uma jornada de oração e jejum pela paz na Síria, no Médio Oriente e no mundo inteiro”, afirmou.

O Papa convidou “o mundo não católico e todos os homens de boa vontade” a reunirem-se entre as 19h às 24h (entre as 18h e as 23h em Portugal continental), “em penitência para invocar o Senhor e pedir o fim de todo o tipo de violência no mundo”.

No dia 31de agosto, o presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama, disse que o país está preparado para intervir militarmente na Síria e que este ataque pode acontecer a qualquer momento.

“Não é a guerra que traz a paz”, enfatizou o Papa: “a guerra chama a guerra, a violência chama a violência”, exclamou, condenando a dor que estes conflitos provocam e a “concordância da sociedade civil”.

Francisco enalteceu os esforços que a comunidade internacional tem feito na promoção da paz na Síria, através do “estudo das negociações para o bem da população siriana”.

Nas palavras antes da recitação da oração do Angelus, o Papa não esqueceu os que prestam ajuda humanitária “empenhados em aliviar o sofrimento às populações”.

“A todos cabe o dever de conviver na justiça e no amor”, afirmou, lançando um “forte convite à Igreja Católica, que estendo a todos os cristãos e a outros homens e mulheres de outras religiões e a quem não crê”, a promover iniciativas pela paz.

“A paz supera todas as barreiras porque provém de toda a humanidade”, afirmou o Papa Francisco recordando ser a “cultura do encontro e do diálogo, a única estrada para a paz”.

LS

“In agencia ecclesia”

 
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Jornal - Notícias da Igreja

Sejamos pedras vivas da Igreja

Em que nos faz pensar a palavra templo? Faz pensar num edifício, numa construção. De modo particular, a mente de muitos vai à história do Povo de Israel narrada no Antigo Testamento. Em Jerusalém, o grande Templo de Salomão era o lugar de encontro com Deus na oração; dentro do Templo havia a Arca da Aliança, sinal da presença de Deus no meio do povo; e na Arca havia as Tábuas da Lei, o maná e a vara de Arão um lembrete de que Deus estava sempre dentro da história do seu povo, o acompanhava no caminho, guiava os seus passos. O templo recorda essa história: também nós quando vamos ao templo devemos recordar esta história, cada um de nós a nossa história, como Jesus me encontrou, como Jesus caminhou comigo, como Jesus me ama e me abençoa.

Então, isso que era prefigurado no antigo Templo, é realizado, pelo poder do Espírito Santo, na Igreja: a Igreja é a “casa de Deus”, o lugar da sua presença, onde possamos encontrar e conhecer o Senhor; a Igreja é o Templo no qual mora o Espírito Santo que a anima, a guia e a apoia. Se nos perguntamos: onde podemos encontrar Deus? Onde podemos entrar em comunhão com Ele através de Cristo? Onde podemos encontrar a luz do Espírito Santo que ilumina a nossa vida? A resposta é: no povo de Deus, entre nós, que somos Igreja. Aqui encontraremos Jesus, o Espírito Santo e o Pai.

O antigo Templo era edificado pelas mãos dos homens: desejava-se “dar uma casa” a Deus, para ter um sinal visível da sua presença no meio do povo. Com a encarnação do Filho de Deus, cumpre-se a profecia de Natan ao rei David (cfr 2 Sam 7, 1-29): não é o rei, não somos nós a “dar uma casa a Deus”, mas é o próprio Deus que “constrói a sua casa” para vir e morar no meio de nós, como escreve São João no seu Evangelho (cfr 1,14). Cristo é o Templo vivo do Pai, e o próprio Cristo edifica a sua “casa espiritual”, a Igreja, feita não de pedras materiais, mas de ‘pedras vivas’, que somos nós. O Apóstolo Paulo diz aos cristãos de Éfeso: vós sois “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo como pedra angular o próprio Cristo Jesus. Nele toda a construção cresce bem ordenada para ser templo santo do Senhor; Nele também vós sois edificados juntos para se transformarem em morada de Deus por meio do Espírito Santo” (Ef 2,20-22). Isto é uma coisa bela! Nós somos as pedras vivas do edifício de Deus, unidos profundamente a Cristo, que é a pedra de sustentação e também de sustentação entre nós. O templo somos nós, nós somos a Igreja viva, o templo vivo e quando estamos juntos entre nós há também o Espírito Santo, que nos ajuda a crescer como Igreja. Nós não somos isolados, mas somos povo de Deus: esta é a Igreja!

E é o Espírito Santo, com os seus dons, que desenha a variedade. Isto é importante: o que faz o Espírito Santo entre nós? Ele desenha a variedade que é a riqueza na Igreja e une tudo e todos, de forma a construir um templo espiritual, no qual oferecemos não sacrifícios materiais, mas nós mesmos, a nossa vida (cfr 1Pt 2,4-5). A Igreja não é um conjunto de coisas e de interesses, mas é o Templo do Espírito Santo, o Templo no qual Deus trabalha, o Templo no qual cada um de nós com o dom do Batismo é pedra viva. Isto nos diz que ninguém é inútil na Igreja e se alguém às vezes diz a outro: “Vai para casa, és inútil”, isto não é verdade, porque ninguém é inútil na Igreja, todos somos necessários para construir este Templo! Ninguém é secundário. Ninguém é o mais importante na Igreja, todos somos iguais aos olhos de Deus. Todos formamos e construímos a Igreja. Isto convida-nos também a refletir sobre o fato de que se falta o tijolo da nossa vida cristã, falta algo à beleza da Igreja. Alguns dizem: “Eu não tenho nada a ver com a Igreja”, mas assim salta o tijolo de uma vida neste belo Templo. Ninguém pode sair, todos devemos levar à Igreja a nossa vida, o nosso coração, o nosso amor, o nosso pensamento, o nosso trabalho: todos juntos.

Gostaria então que nos perguntássemos: como vivemos o nosso ser Igreja? Somos pedras vivas ou somos, por assim dizer, pedras cansadas, indiferentes? Um cristão assim não está bem, o cristão deve ser vivo, alegre por ser cristão; deve viver esta beleza de fazer parte do povo de Deus que é a Igreja. Nós abrimo-nos à ação do Espírito Santo para ser parte ativa nas nossas comunidades ou nos fechamos em nós mesmos dizendo: “tenho tantas coisas a fazer, não é tarefa minha”?

O Senhor nos dê a todos a sua graça, a sua força, a fim de que possamos ser profundamente unidos a Cristo, que é a pedra angular, a pedra de sustentação da nossa vida e de toda a vida da Igreja. Rezemos para que, animados pelo seu Espírito, sejamos sempre pedras vivas da sua Igreja.

Papa Francisco

 
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Jornal - Notícias da Igreja

A fé não vai de férias

Mais importante do que descobrir um país em 15 dias é redescobrir a nossa própria família em 15 dias. As férias são um momento precioso para um tempo familiar rico e inesquecível. Os pais, os guias da família, não só orientam os filhos na vida, como lhes devem ensinar a ver a Beleza no mundo.

As férias são óptimas por causa do descanso, das viagens, das idas à praia, mas sobretudo porque, para a maioria, há a possibilidade de pais e filhos estarem mais tempo juntos. Ou seja, é o tempo ideal de as famílias serem famílias.

Todavia, neste tempo, não há catequese, e a Eucaristia sofre um decréscimo significativo de cristãos mais novos. Cabe, então, principalmente aos pais, não deixar que se façam umas autênticas férias de fé. Como?

Estudos recentes têm comprovado que as crianças e os adolescentes aprendem sobretudo dos seus pais, na forma como eles vivem, agem, pensam e reagem. Sendo as férias um tempo familiar, são também um tempo para uma dedicação especial dos pais em relação aos seus filhos – a todos os níveis, inclusive o espiritual.

Na verdade, a educação e influência dos pais nunca se mantêm apenas ao nível da afectividade e da transmissão de conhecimentos intelectuais e morais, mas abrange também a transmissão da fé, ajudando ou não, ao florescer da vida espiritual da criança e do adolescente. Maria João Ataíde, educadora de infância e professora de Pedagogia na Escola Superior de Educadores de Infância Maria Ulrich, esclarece: «Nós sabemos hoje, através das ciências humanas e de orientações teológicas, que a dimensão espiritual, ou seja, a nossa componente espiritual, está presente desde que somos concebidos. Essa dimensão espiritual, tal como a dimensão cognitiva, intelectual, ou a dimensão fisiológica, carece e necessita de alimento e estímulo, para se desenvolver plenamente.» E acrescenta: «A dimensão espiritual é absolutamente indispensável para uma vida mais feliz, plena e realizada, consigo própria e com os outros. Porque esta dimensão é o que nos faz ir acima do mero quotidiano de sobreviver diariamente, ou de realizar diariamente as tarefas de comer, dormir, trabalhar para ganhar dinheiro.»

A espiritualidade pode ser estimulada e experienciada dando relevo à profundidade das relações, ao silêncio da alma, ao espanto e à contemplação da criação de Deus. Um passeio no parque, uma ida à praia, um pic-nic, todas estas ocasiões são momentos em que uma experiência espiritual pode trazer uma luz renovada e rica à nossa percepção da vida, do mundo, dos outros e de Deus.

Maria João Ataíde salienta que «as férias não devem ser tempo de vazio». «Ir a um jardim público com uma criança, por exemplo, pode ser feito de uma forma trivial em que a criança vai e brinca sem qualquer finalidade ou outra coisa acontece quando o adulto se empenha com a criança. Ser capaz de não ler todo o jornal ou livro que lê habitualmente nesse momento e observar aquilo em que a criança se interessa, aquilo que ela pergunta. Então, há uma interlocução, um dar seguimento e um dar atenção aos comentários, olhares, expressões da criança que enriquecem aquilo que ela vai captando do mundo.»

A família é um espaço de crescimento, um núcleo de afecto e de transmissão de vida, e é por isso uma força poderosa para a vida quotidiana de cada um: seja para os pais, seja para os filhos.

É a partir da família que se constrói a comunidade, e é pela construção da comunidade que o mundo, a sociedade, se enriquece constantemente. Relembrando as palavras de um grande pedagogo da fé, o agora Beato João Paulo II, na Exortação Apostólica Familiaris Consortio: «A família, fundada e vivificada pelo amor, é uma comunidade de pessoas: de esposos, homem e mulher, de pais e filhos, e dos parentes. A sua primeira tarefa é a de viver fielmente a realidade da comunhão num constante empenho por fazer crescer uma autêntica comunidade de pessoas.»

 
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Jornal - Notícias da Igreja

A Devoção ao Coração de Jesus

Na sexta-feira a seguir ao segundo domingo depois do Pentecostes, a Igreja celebra a solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus. Além da celebração litúrgica, muitas outras expressões de piedade têm como objecto o Coração de Cristo. Na verdade, não há dúvida de que a devoção ao Coração do Salvador foi e ainda é uma das expressões mais difundidas e amadas da piedade eclesial.

Entendida à luz da Escritura divina, a expressão “Coração de Cristo” designa o próprio mistério de Cristo, a totalidade do seu ser, a sua pessoa considerada no seu núcleo mais íntimo e essencial: Filho de Deus, sabedoria incriada; caridade infinita, princípio de salvação e de santificação para a humanidade inteira. O “Coração de Cristo” é Cristo, Verbo incarnado e salvador, intrinsecamente voltado – no Espírito, com infinito amor divino-humano – para o Pai e para os homens seus irmãos.

A devoção ao Coração de Jesus tem um sólido fundamento na Escritura.

Jesus, que é um com o Pai (cf. Jo 10, 30), convida os seus discípulos a viver em comunhão íntima com Ele, a assumir a sua pessoa e a sua palavra como norma de conduta e revela-se a si mesmo como mestre «manso e humilde de coração» (Mt 11, 29). Pode dizer-se, em certo sentido, que a devoção ao Coração de Cristo é a tradução em termos cultuais do olhar que, segundo a palavra profética e evangélica, todas as gerações cristãs dirigirão àquele que foi trespassado (cf. Jo 19, 37; Zc 12, 10), isto é, ao lado de Cristo, aberto pela lança, do qual brotou sangue e água (cf. Jo 19, 34), símbolo do «sacramento admirável de toda a Igreja».

O texto joanino que narra a ostensão das mãos e do lado de Cristo aos discípulos (cf. Jo 20, 20) e o convite que Ele dirigiu a Tomé para que estendesse a sua mão e a metesse no seu lado (cf. Jo 20, 27) também teve uma notável influência na origem no desenvolvimento da piedade eclesial ao Sagrado Coração.

Estes textos e outros que apresentam Cristo como Cordeiro pascal, vitorioso, embora imolado (cf. Ap 5, 6), foram objecto de meditação assídua por parte dos Santos Padres que revelaram as suas riquezas doutrinais e por vezes convidaram os fiéis a penetrar no mistério de Cristo pela porta aberta no seu lado. Assim, Santo Agostinho: «A entrada é acessível: Cristo é a porta. Abriu-se também para ti, quando o seu lado foi aberto pela lança. Lembra-te do que saiu de lá; por isso, escolhe por onde possas entrar. Do lado do Senhor que pendia e morria na cruz saiu sangue e água, quando foi aberto com a lança. Na água está a tua purificação, no sangue, a tua redenção».

Na época moderna, num tempo em que o jansenismo proclamava os rigores da justiça divina, a devoção ao Coração de Jesus constituiu um antídoto eficaz para suscitar nos fiéis o amor ao Senhor e a confiança na sua misericórdia infinita, da qual o Coração é penhor e símbolo.

As formas de devoção ao Coração do Salvador são muito numerosas; algumas foram explicitamente aprovadas e frequentemente recomendadas pela Sé Apostólica. Entre elas recordem-se:

– a consagração pessoal que, segundo Pio XI, «é, sem dúvida a principal»;

– a consagração da família, mediante a qual o núcleo familiar, já participante pelo sacramento do matrimónio do mistério de unidade e de amor entre Cristo e a Igreja, é dedicado ao Senhor, para que Ele reine no coração de cada um dos seus membros;

– a Ladainha do Sagrado Coração de Jesus, aprovada em 1891 para toda a Igreja, de conteúdo marcadamente bíblico e enriquecida com indulgências;

– o acto de reparação, fórmula de oração com que os fiéis, recordando-se da infinita bondade de Cristo, pretendem implorar misericórdia e reparar as ofensas dirigidas de muitos modos ao seu Coração dulcíssimo;

– a prática das nove primeiras sextas-feiras do mês, que tem origem na “grande promessa” feita por Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque. Numa época em que a comunhão sacramental era muito rara entre os fiéis, a prática das nove primeiras sextas-feiras do mês contribuiu significativamente para restabelecer a frequência na recepção dos sacramentos da Penitência e da Eucaristia. No nosso tempo, a devoção das primeiras sextas-feiras do mês, se for praticada de modo pastoralmente correcto, pode ainda trazer indubitáveis frutos espirituais. É necessário, todavia, que os fiéis sejam convenientemente instruídos, por um lado, sobre o facto de que não se deve pôr nessa prática uma confiança assente na vã credulidade (porque, desta maneira e em ordem à salvação, anular-se-iam as exigências inultrapassáveis da fé operante e do compromisso de viver uma vida conforme o Evangelho); e, por outro, sobre o valor absolutamente predominante do domingo, a “festa primordial” que deve caracterizar-se pela participação plena dos fiéis na celebração eucarística.

A devoção ao Sagrado Coração requer uma atitude de fundo feita de conversão e reparação, de amor e gratidão, de empenhamento apostólico e de consagração a Cristo e à sua obra salvífica.

[Do Directório sobre a Piedade Popular e a Liturgia, Roma 2001, nn. 166-172].

 
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